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Jesus Cristo num hospital Frei Bento

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Maria



Jesus Cristo num hospital
Frei Bento - 02-05-2010
Os infindáveis telejornais, tecidos quase só por desgraças, acabam por se tornar em agentes de depressão colectiva1. É um conto exemplar. Muito breve. Chamar-lhe conto até pode ser excessivo, mas merece ser reencaminhado. Começa assim: Jesus Cristo, cansado do tédio do Paraíso, onde tem pouco que fazer, resolveu voltar à Terra. Optou pelo Hospital de S. Francisco Xavier, onde viu um médico a trabalhar há muitas horas e a morrer de cansaço. Para não atrair as atenções, decidiu ir vestido de médico. Entrou de bata, passando pela fila de pacientes no corredor, até atingir o gabinete do médico. Os pacientes viram e comentaram: "Olha, vai mudar o turno..."

Jesus Cristo entrou na sala e disse ao médico que podia sair, dado que ele mesmo iria assegurar o serviço. E, muito decidido, gritou: "O próximo!" Entrou no gabinete um homem paraplégico que se deslocava numa cadeira de rodas. Jesus levantou-se, olhou bem para o homem e, com a palma da mão direita sobre a sua cabeça, disse: "Levanta-te e anda!"

O paraplégico levantou-se, andou e saiu do gabinete empurrando a cadeira de rodas. Quando chegou ao corredor, o primeiro da fila perguntou: "Que tal é o médico novo?" Ele respondeu: "Igualzinho aos outros... nem exames, nem análises, nem medicamentos... Nada! Só querem despachar..."



2.Já viajei, por razões de trabalho, bastante mais pelo país e pelo mundo do que agora, mas não perdi o gosto de os conhecer cada vez melhor. O prazer maior das viagens não é só a descoberta dos mundos que ignoramos, mas sobretudo o encontro com as suas fontes de identidade e de renovação. Estive em vários países em guerra. Vi muita miséria e destruição. No entanto, o que sempre mais me ocupou não foram as dimensões da desgraça, mas as iniciativas para se poder voltar a viver com esperança.

O que mais desejo encontrar nos meios de comunicação - talvez como toda a gente - são revelações do que está a acontecer, em todos os aspectos, no país e no mundo. Devem saber ver e dar a ver, trazendo alguma luz ao quotidiano. Como, neste aspecto, era muito raro ter sorte, tornei-me absentista, procurando outros meios de informação. Julgo que os infindáveis telejornais, tecidos do princípio ao fim quase só por desgraças, ao não servirem com competência a verdade e a liberdade de informação, acabam por se tornar em agentes de depressão colectiva. Matam de tal modo a sensibilidade dos telespectadores que, como diz o Evangelho, já nada os consegue espantar, nem mesmo a "ressurreição de um morto" (Lc 16, 19-31).

A primeira religião que conheci era uma mistura de catolicismo azedo e de superstições locais. Existia para meter medo. Toda a gente sabia histórias terríveis de aparições medonhas de figuras do mal. Tinha de ir mais gente para o inferno do que para o céu. No Norte, chamavam aos pregadores dessa religião os "padres da vinagreira". Hoje, de certo modo, a "religião" dos telejornais e dos seus sacerdotes também parece que só está interessada em mandar o país para o inferno. Mesmo quando há sinais de que é possível enfrentar as enormes dificuldades com que o país se debate, insiste-se em mostrar que não há saída.

Em sentido muito próximo, mas num panorama mais vasto e englobante, Mário Soares (DN, 27.04.2010) publicou um notável artigo, onde também achou fastidiosas e inúteis as comissões parlamentares de inquérito que têm sido transmitidas em directo pela televisão. Em vez de prestigiarem o Parlamento, como é importante que aconteça - como centro da vida democrática que deve ser -, estão a desprestigiá-lo. A sanha persecutória dos deputados-inquisidores não é diferente da guerrilha partidária desbocada e interminável. Revestindo aspectos pessoais desagradáveis, cria enfado nos que a seguem, não permite que se debatam os problemas que afligem os portugueses e só desvia as atenções.



3.O Padre Timothy Radcliffe, ex-mestre-geral da Ordem Dominicana, o homem do diálogo ecuménico entre as Igrejas cristãs, do diálogo intercultural e inter-religioso, um dos grandes promotores do diálogo no interior da Igreja católica, não esconde a onda de raiva e de desgosto que as revelações de abusos sexuais, por padres, têm provocado. Confessa que recebeu e-mails de pessoas de toda a Europa a perguntar como é que elas ainda podem permanecer na Igreja. Como ficar?

Num texto muito pertinente ("The Tablet", 10.04.2010), que, aliás, já circula na Internet em tradução, explica as razões porque rejeita os apelos ao abandono da Igreja depois dos escândalos eclesiásticos. Não procura encobrir, não desculpa, mas ajuda a entender a história da Igreja, desde os começos, e como se pode e deve trabalhar na sua renovação.

Hans Küng, sem dúvida um dos mais conhecidos e famosos teólogos do Vaticano II ainda vivos, com uma imensa obra de investigação e divulgação, companheiro do Papa na Universidade de Tubinga, não se contenta com criticar o percurso dos últimos Papas e da Cúria romana. Acaba de fazer propostas muito concretas para a preparação de um novo concílio. O texto circula em várias línguas. Há tradução em português da "Carta Aberta aos Bispos de todo o Mundo" (PÚBLICO2, 24.04.2010).

Nem todos, na sociedade e na Igreja, têm a atitude do paraplégico curado p
or Jesus Cristo.
In Público

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