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mostra-nos o Pai

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1mostra-nos o Pai Empty mostra-nos o Pai Dom 20 Abr - 14:35

Maria



Chama a atenção no texto de João o pedido de Filipe: “Senhor, mostra-nos o
Pai, isso nos basta” é o mesmo pedido que nos fazem os homens e as mulheres
de nossos tempos, sejam de nossas dioceses sejam de outras partes do mundo.
“Mostra-nos Deus”. O materialismo consumista não matou a sede de Deus, mas
contaminou as expectativas a respeito d'Ele. Ver Deus tornou-se uma obsessão
por aparições e milagres. João afirma que “ninguém jamais viu a Deus; o
Filho único, que é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a
conhecer”). Jesus é o revelador do Pai. Ver Jesus é ver o Pai. Jesus está no
Pai através do Amor que os torna um só. Jesus está no Pai porque fala as
palavras do Pai. Jesus está no Pai porque o Pai realiza as obras em Jesus. O
Pai é o espaço vital de Jesus. Jesus está no Pai pela obediência absoluta à
missão a ele confiada, pelo amor, pelo cumprimento da vontade do Pai. O Pai
está em Jesus porque em e por Jesus o Pai realiza as obras de salvação em
benefício dos homens e das mulheres, se faz conhecer, se comunica.

Deus revela-se e manifesta-se inteiramente em seu Filho Jesus Cristo; por
isso, quem o vê, vê também o Pai e ninguém pode chegar ao Pai sem Jesus,
pois ele é verdadeiramente o único caminho que nos leva ao Pai. Ninguém pode
de fato conhecer o Pai se não for através de Jesus, pois ele é a Verdade que
nos revela o Pai, ele é o próprio Ícone do Pai, ele vive em perfeita
comunhão com o Pai, quem conhece Jesus, conhece o Pai e quem conhece o Pai,
conhece Jesus.

Nós também participamos dessa comunhão na medida em que nos tornamos ícones
de Cristo e, participar dessa comunhão é que nos garante a vida em
plenitude, a vida eterna, que é a participação na vida divina.

A visão do Pai era a coisa mais desejada pelos discípulos. Bastaria dar um
salto de qualidade para descobrir, na pessoa de Jesus, o rosto do Pai. E,
para isso, era mister nutrir por Jesus fé idêntica à dedicada ao Pai. Sem
uma fé verdadeira eles estariam privados da visão do Pai, ou continuariam a
querer vê-lo, mas de maneira totalmente incorreta. A única forma de ver Deus
Pai consiste em contemplá-lo na pessoa de Jesus.

Conhecer a Jesus plenamente equivale a conhecer o Pai, não por meio da
perfeição de um conhecimento intelectual, abstrato, reservado a algumas
elites, como pretendiam certas doutrinas, conhecidas como "gnosticismo".
Trata-se do conhecimento pela experiência das obras de amor de Jesus, que
são as obras do Pai, dada a identificação deste com Deus; vendo a Jesus se
está contemplando já o Pai. Mas existe aquele, que apesar de estar vendo,
não percebe a presença de Deus em Jesus. É Felipe que não chega a captar o
grau de identificação plena de Jesus e o Pai. O que dá edificação com Deus
não são as crenças, senão a experiência de amor aos demais, as obras de amor
que manifestam ao Deus-amor. Quem segue a Jesus fará obras como as dele,
chegando deste modo a identificar-se também com Deus. O pedido de Felipe
denota sua falta de compreensão. Havia visto assim o Messias que podia
deduzir-se da Lei e dos Profetas; não entende que Jesus não é a realização
da lei, senão do amor e a lealdade a Deus. Vê em Jesus o enviado de Deus,
mas não a presença de Deus no mundo. Jesus o contesta com uma queixa. A
convivência com ele, já prolongada, não ampliou seu horizonte. Não conhece o
alcance do amor do Pai nem de seu projeto. Não concebe que em Jesus esteja
presente e se manifeste Deus, nem que Jesus tenha a condição divina.

A pergunta de Filipe, à primeira vista, pode parecer inoportuna, mas na
verdade traduz um anseio profundo da alma humana. Podemos inclusive dizer
que a missão de Jesus neste mundo foi precisamente a de revelar, ou seja,
mostrar à humanidade o Pai. Por isso, todos os relatos de manifestação de
Deus – teofania – revelam que a pessoa que contempla a glória divina fica
tomado de pavor, diante da possibilidade de morrer. Como, então, os
discípulos de Jesus ousavam querer ver o Pai?

A obra de Jesus foi somente um começo; o futuro reserva um trabalho mais
extenso. O discípulo poderá fazer o mesmo ou inclusive mais que Jesus. Isto
confirma que os sinais feitos por Jesus não são irrepetíveis pelo
extraordinário; seu caráter principal é ser símbolo da atividade que
liberta, oferecendo vida. Com esta afirmação dá ânimo aos seus para o
trabalho futuro; a tarefa libertadora pode ir adiante.

A presença e atividade de Jesus no mundo significou uma mudança de rumo na
história; toca aos seus continuar na direção marcada por Ele. Mas os
discípulos não estão sós em seu trabalho nem em seu caminho. Jesus seguirá
atuando com eles. Através dele o amor do Pai (sua glória) seguia
manifestando-se na ajuda aos discípulos para a missão.

Só conhecemos a Deus, o verdadeiro Deus, o Deus revelado por Jesus, através
da fé. O mundo nos desafia a mostrar Deus. Aceitar o desafio é ir aos
“gentios”, isto é, apresentar a todos os povos Jesus, o rosto do Pai que não
é para muitos o rosto divino desejado, mas que é o único rosto verdadeiro de
Deus.

Nosso primeiro contato com o Pai se dá por meio de Jesus: ele é a face
visível do Pai, sem deixar de ser uma pessoa distinta. Isso porque homem
algum pode ver a Deus e permanecer vivo. Por isso precisamos, nesta vida, da
mediação de Jesus, mas a nossa esperança é de um dia ver a Deus face a face,
habitando com Jesus na casa do Pai.

Para finalizar podemos dizer que conhecer a Jesus é crer nele, aderir à sua
pessoa e seu projeto, que se traduz sempre em obras a favor dos mais pobres
e desvalidos. O mesmo se diz de João, “que se alguém não ama ao irmão que
vê, como poderá amar a Deus a quem não vê”. E a Deus nós o vemos e
conhecemos através de Jesus, e a Jesus o vemos e conhecemos através do
irmão. A afirmação de Jesus, de conceder-nos tudo o que lhe pedirmos, se
entende não a partir de nossos caprichos ou mesquinhos interesses, mas desde
a perspectiva do “outro mundo possível”, um mundo cheio de vida, justiça e
amor, para os homens e mulheres de todos os povos.

Na oração, pedindo, com plena confiança, temos a certeza de que recebemos o
dom maior do Pai, que é o seu Espírito Santo, com seu amor que comunica
vida. A oração da comunidade expressa sua vinculação a Jesus; faz-se desde a
realidade da união com ele, pedindo para realizar sua obra. Ele põe sua
potência a disposição dos seus.

Quando temos o Espírito de Deus, percebemos a diferença entre a mensagem e
as culturas, despojamos a mensagem de roupagens culturais, enculturamos a
mensagem onde a anunciamos, evangelizamos a cultura local. Quando temos o
Espírito de Deus, afastamos os medos e temores para dizer quem é o Salvador,
doa a quem doer. Quando temos o Espírito de Deus, o desânimo e a
desesperança ficam longe de nossa obra missionária. Com o Espírito de Deus,
mostramos uma Igreja alegre e viva.

Oração: Nosso coração e nossos olhos se encantam diante da salvação do nosso
Deus que podemos contemplar em Jesus. Deus eterno e todo-poderoso, fazei que
nós saibamos reconhecer-Vos na pessoa de Jesus Caminho, Verdade e Vida,
expressão consumada de Vosso amor misericordioso por todos os que desejam
estar perto de Vós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo. Amém.

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