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Relação Igrejas-Estado

2 participantes

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1Relação Igrejas-Estado Empty Relação Igrejas-Estado Ter 22 Abr - 11:54

Maria



APONTAMENTOS SOBRE RELAÇÕES IGREJA(S)-ESTADO (2)

Anselmo Borges

padre e professor de Filosofia
1. O cristianismo constituiu, na História da Humanidade, uma revolução. "Deus é amor" e "adora-se em espírito e verdade". Todos os seres humanos são iguais em dignidade. Não há impurezas rituais nem tabus alimentares. "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus." E o que é mais: segundo o capítulo 25 do Evangelho de S. Mateus, em ordem à salvação, nada é exigido de confessional cristão, pois o determinante é profano - um critério de humanitariedade: "Destes-me de comer, de beber, vestistes-me, fostes ver-me ao hospital e à cadeia."

2.Depois, de facto, historicamente, é o que se sabe: uma história de grandeza e de miséria. Exemplos de miséria: intolerância religiosa, guerras, civilizações arrasadas, mesquinhez dogmática, menosprezo pelos direitos humanos.

3.Quando se pensa na maldição de guerras religiosas e de discriminação por motivos de religião, a separação da religião e da política, da(s) Igreja(s) e do Estado tem de ser saudada como conquista irrenunciável da modernidade.

Sem ela, torna-se inevitável a cidadania diminuída de quem não segue a religião oficial. Por outro lado, é a própria religião que, ao confundir-se com a política, se degrada.

Evidentemente, salvaguardada a liberdade religiosa, as religiões têm o direito de tentar influenciar segundo a sua fé e valores a sociedade e as leis. O que não é aceitável é que o Estado se reja por leis religiosas: por exemplo, um Estado em que a maioria da população é católica não pode reger-se pelo Código de Direito Canónico, o mesmo devendo ser aceite, por princípio, em relação à Sharia num Estado em que a maioria da população é muçulmana.

4.O ridículo, mas sobretudo o religioso, é sempre ridículo. Como foi possível discutir, por exemplo, se Moisés era o autor do Pentateuco, quando nele se narra a morte do próprio Moisés? Como é possível pensar no Alcorão enquanto ditado por Deus, se há nele contradições? Como é possível atribuir a Deus guerras e violências e apelos ao ódio? Sem a leitura histórico-crítica dos textos sagrados, as religiões não distinguirão entre Deus e o Diabo.

Também por isso, para fugir à ignorância mútua, à irracionalidade e ao fundamentalismo, deveria trazer-se para as escolas públicas o estudo das diferentes religiões.

5.Hoje, tornou-se claro que, em ordem à paz e para evitar o choque das civilizações, se impõe o diálogo entre as culturas e as religiões.

O diálogo, porém, não pode ser unidireccional. A liberdade religiosa implica a possibilidade real de praticar a fé, abandonar uma religião, adoptar outra ou nenhuma, problemas que ainda não encontraram solução em muitos países islâmicos e não só - pense-se no jornalista italiano Magdi Allam, muçulmano convertido ao catolicismo e obrigado a viver com escolta policial.

A injusta invasão do Iraque agravou ainda mais a situação dos cristãos no Próximo e Médio Oriente, e praticamente só o filósofo agnóstico Régis Debray tem chamado a atenção para os pedidos de socorro desses cristãos. Pergunta ele: "Quando se vai compreender que a Europa não pode fazer orelhas moucas aos SOS lançados pelas comunidades cristãs do Oriente? Esses apelos por socorro perdem-se a maior parte das vezes no vazio. Não é apenas uma questão de compaixão humanitária, mas de interesse estratégico: um mundo árabo-muçulmano desembaraçado da sua componente cristã autóctone não se condenaria apenas ao estiolamento e à esterilidade, uniformizando-se. Será tanto mais dado à guerra das civilizações quanto mais se quiser e puder proclamar religiosamente puro. A questão não é passadista nem folclórica. Trata-se do nosso futuro e não apenas europeu. A questão das minorias vai impor-se a nós como a grande questão do século, na exacta medida em que a unificação tecno-económica do mundo suscitará sempre mais a sua balcanização político-cultural.

Embora se não possa esquecer as responsabilidades dos cristãos no Médio Oriente, são de saudar conversações em curso para finalmente se abrir um templo católico na Arábia Saudita. |


in Diário de Noticias



Última edição por Maria em Qui 24 Abr - 2:22, editado 5 vez(es)

2Relação Igrejas-Estado Empty Re: Relação Igrejas-Estado Qua 23 Abr - 5:55

Rui Melgão



Tocou-me sobretudo esta ultima parte dos cristãos do médio oriente, o meu primeiro instinto foi-me pôr a rezar...

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