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o livro de Job - uma meditação sobre o sofrimento

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Maria



Sobre o livro de Job - Padre João Resina
O povo judeu acreditava firmemente em Deus. Às vezes, com uma certa ingenuidade. Por exemplo, os mais antigos julgavam que, quando chovia, era Deus que entornava água lá de cima. Muitos pensavam que quer a saúde, quer a doença, vinham directamente da mão de Deus. Alguns doutores ensinavam que (nesta vida) os maus acabam sempre por ser castigados e os bons acabam sempre por receber o prémio.

O Livro de Job quer explicar que não é bem assim.

Começa por imaginar um homem que representasse as ideias antigas (o Livro não conta uma história real, é uma espécie de parábola). Esse homem, chamado Job, vivia numa terra distante. Tinha mulher e sete filhos já crescidos, era rico, respeitado e feliz. Extremamente honesto e justo, era generoso com os seus trabalhadores, socorria todos os pobres e necessitados, atendia com sabedoria e paciência quem lhe pedisse conselho. Acreditava em Deus, fazia penitência e rezava. Toda a gente o considerava como um modelo, toda a gente pensava que ele vivia sob a justa protecção de Deus.

Um dia, Deus permite que caiam sobre Job muitas desgraças.

Porquê? – Uma das teses do Livro é que o homem deve aceitar com fidelidade e amor todos os momentos da vida, os bons e os maus, sem perguntar estes "porquês". Por exemplo, pode ter sido por causa de uma intriga de Satan (mas suponho que é apenas um "por exemplo"; um avião pode cair por causa duma avaria no motor ou por causa duma distracção do controlador aéreo. Julgo que seria um erro interpretar o livro de Job como se ele se propusesse explicar o mal através da actividade de Satan).

Em poucas horas, Job perde todos os seus haveres e morrem-lhe os filhos num desastre. Job aceita, com profunda dor, mas sem revolta. Numa segunda investida de Satan, Job é atacado por uma espécie de lepra. A própria mulher o incita a que se revolte. Job permanece em silêncio.

Depois, vêm as "almas benfazejas": os amigos, que se sentem na obrigação de comparecer e de dar conselhos. E é aí que Job estoira. (Lição importante para nós: quando vamos visitar um doente, não o enfureçamos com as nossas beatices!!).

Job sente-se profundamente infeliz. Sobretudo, não percebe por que lhe estão a acontecer estas coisas. Sempre lhe tinham ensinado que é Deus quem resolve tudo e que os bons só recebem prémios. Então, por que lhe dá Deus este destino? Ainda se ao menos Deus o matasse... Job não pensa suicidar-se, mas deseja ardentemente morrer. Tem uma doença sem esperança, já ninguém quer saber dele...

Os amigos lançam sal nas suas feridas. Se lhe estão a acontecer estas desgraças, isso é prova de que cometeu grandes crimes. Arrependa-se, e confie no perdão de Deus. Job responde que não será perfeito, mas também não tem grandes pecados. Foi poderoso, mas nunca escravizou ninguém, foi rico, mas repartiu sempre com quem precisava, foi fiel em toda a sua vida...

Os amigos redobram. Ele ou está mentir ou é cego. É claro que está a ser castigado.

E Job entra então na revolta. Diz que Deus é injusto. Gostava que Deus lhe aparecesse, e lhe explicasse porquê.

Deus aparece. Em primeiro lugar, diz aos amigos de Job que eles não percebem nada do que é a vida e vieram fazer mal ao seu amigo. Só os não castiga porque Job vai rezar por eles. Em segundo lugar, faz o elogio de Job. É mesmo verdade que ele foi sempre um homem justo e fiel. Surpreendentemente, Deus não se mostra ofendido com as malcriadices de Job. Também o Pai se não vai zangar quando um dia Jesus lhe disser: "por que me abandonaste?". Deus bem sabe como o sofrimento é às vezes terrível, Deus acha que não deve tomar à letra os desabafos de quem sofre. Mas Deus diz uma terceira coisa: é verdade que Job é santo, mas errou ao exigir que Deus respondesse aos seus porquês. Não o vai castigar por isso, mas é uma coisa que tem de aprender.

Job aprende. reconhece que falou inconsideradamente, fica feliz porque Deus o tomou a sério.

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