Chama a atenção no texto de João o pedido de Filipe: “Senhor, mostra-nos o
Pai, isso nos basta” é o mesmo pedido que nos fazem os homens e as mulheres
de nossos tempos, sejam de nossas dioceses sejam de outras partes do mundo.
“Mostra-nos Deus”. O materialismo consumista não matou a sede de Deus, mas
contaminou as expectativas a respeito d'Ele. Ver Deus tornou-se uma obsessão
por aparições e milagres. João afirma que “ninguém jamais viu a Deus; o
Filho único, que é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a
conhecer”). Jesus é o revelador do Pai. Ver Jesus é ver o Pai. Jesus está no
Pai através do Amor que os torna um só. Jesus está no Pai porque fala as
palavras do Pai. Jesus está no Pai porque o Pai realiza as obras em Jesus. O
Pai é o espaço vital de Jesus. Jesus está no Pai pela obediência absoluta à
missão a ele confiada, pelo amor, pelo cumprimento da vontade do Pai. O Pai
está em Jesus porque em e por Jesus o Pai realiza as obras de salvação em
benefício dos homens e das mulheres, se faz conhecer, se comunica.
Deus revela-se e manifesta-se inteiramente em seu Filho Jesus Cristo; por
isso, quem o vê, vê também o Pai e ninguém pode chegar ao Pai sem Jesus,
pois ele é verdadeiramente o único caminho que nos leva ao Pai. Ninguém pode
de fato conhecer o Pai se não for através de Jesus, pois ele é a Verdade que
nos revela o Pai, ele é o próprio Ícone do Pai, ele vive em perfeita
comunhão com o Pai, quem conhece Jesus, conhece o Pai e quem conhece o Pai,
conhece Jesus.
Nós também participamos dessa comunhão na medida em que nos tornamos ícones
de Cristo e, participar dessa comunhão é que nos garante a vida em
plenitude, a vida eterna, que é a participação na vida divina.
A visão do Pai era a coisa mais desejada pelos discípulos. Bastaria dar um
salto de qualidade para descobrir, na pessoa de Jesus, o rosto do Pai. E,
para isso, era mister nutrir por Jesus fé idêntica à dedicada ao Pai. Sem
uma fé verdadeira eles estariam privados da visão do Pai, ou continuariam a
querer vê-lo, mas de maneira totalmente incorreta. A única forma de ver Deus
Pai consiste em contemplá-lo na pessoa de Jesus.
Conhecer a Jesus plenamente equivale a conhecer o Pai, não por meio da
perfeição de um conhecimento intelectual, abstrato, reservado a algumas
elites, como pretendiam certas doutrinas, conhecidas como "gnosticismo".
Trata-se do conhecimento pela experiência das obras de amor de Jesus, que
são as obras do Pai, dada a identificação deste com Deus; vendo a Jesus se
está contemplando já o Pai. Mas existe aquele, que apesar de estar vendo,
não percebe a presença de Deus em Jesus. É Felipe que não chega a captar o
grau de identificação plena de Jesus e o Pai. O que dá edificação com Deus
não são as crenças, senão a experiência de amor aos demais, as obras de amor
que manifestam ao Deus-amor. Quem segue a Jesus fará obras como as dele,
chegando deste modo a identificar-se também com Deus. O pedido de Felipe
denota sua falta de compreensão. Havia visto assim o Messias que podia
deduzir-se da Lei e dos Profetas; não entende que Jesus não é a realização
da lei, senão do amor e a lealdade a Deus. Vê em Jesus o enviado de Deus,
mas não a presença de Deus no mundo. Jesus o contesta com uma queixa. A
convivência com ele, já prolongada, não ampliou seu horizonte. Não conhece o
alcance do amor do Pai nem de seu projeto. Não concebe que em Jesus esteja
presente e se manifeste Deus, nem que Jesus tenha a condição divina.
A pergunta de Filipe, à primeira vista, pode parecer inoportuna, mas na
verdade traduz um anseio profundo da alma humana. Podemos inclusive dizer
que a missão de Jesus neste mundo foi precisamente a de revelar, ou seja,
mostrar à humanidade o Pai. Por isso, todos os relatos de manifestação de
Deus – teofania – revelam que a pessoa que contempla a glória divina fica
tomado de pavor, diante da possibilidade de morrer. Como, então, os
discípulos de Jesus ousavam querer ver o Pai?
A obra de Jesus foi somente um começo; o futuro reserva um trabalho mais
extenso. O discípulo poderá fazer o mesmo ou inclusive mais que Jesus. Isto
confirma que os sinais feitos por Jesus não são irrepetíveis pelo
extraordinário; seu caráter principal é ser símbolo da atividade que
liberta, oferecendo vida. Com esta afirmação dá ânimo aos seus para o
trabalho futuro; a tarefa libertadora pode ir adiante.
A presença e atividade de Jesus no mundo significou uma mudança de rumo na
história; toca aos seus continuar na direção marcada por Ele. Mas os
discípulos não estão sós em seu trabalho nem em seu caminho. Jesus seguirá
atuando com eles. Através dele o amor do Pai (sua glória) seguia
manifestando-se na ajuda aos discípulos para a missão.
Só conhecemos a Deus, o verdadeiro Deus, o Deus revelado por Jesus, através
da fé. O mundo nos desafia a mostrar Deus. Aceitar o desafio é ir aos
“gentios”, isto é, apresentar a todos os povos Jesus, o rosto do Pai que não
é para muitos o rosto divino desejado, mas que é o único rosto verdadeiro de
Deus.
Nosso primeiro contato com o Pai se dá por meio de Jesus: ele é a face
visível do Pai, sem deixar de ser uma pessoa distinta. Isso porque homem
algum pode ver a Deus e permanecer vivo. Por isso precisamos, nesta vida, da
mediação de Jesus, mas a nossa esperança é de um dia ver a Deus face a face,
habitando com Jesus na casa do Pai.
Para finalizar podemos dizer que conhecer a Jesus é crer nele, aderir à sua
pessoa e seu projeto, que se traduz sempre em obras a favor dos mais pobres
e desvalidos. O mesmo se diz de João, “que se alguém não ama ao irmão que
vê, como poderá amar a Deus a quem não vê”. E a Deus nós o vemos e
conhecemos através de Jesus, e a Jesus o vemos e conhecemos através do
irmão. A afirmação de Jesus, de conceder-nos tudo o que lhe pedirmos, se
entende não a partir de nossos caprichos ou mesquinhos interesses, mas desde
a perspectiva do “outro mundo possível”, um mundo cheio de vida, justiça e
amor, para os homens e mulheres de todos os povos.
Na oração, pedindo, com plena confiança, temos a certeza de que recebemos o
dom maior do Pai, que é o seu Espírito Santo, com seu amor que comunica
vida. A oração da comunidade expressa sua vinculação a Jesus; faz-se desde a
realidade da união com ele, pedindo para realizar sua obra. Ele põe sua
potência a disposição dos seus.
Quando temos o Espírito de Deus, percebemos a diferença entre a mensagem e
as culturas, despojamos a mensagem de roupagens culturais, enculturamos a
mensagem onde a anunciamos, evangelizamos a cultura local. Quando temos o
Espírito de Deus, afastamos os medos e temores para dizer quem é o Salvador,
doa a quem doer. Quando temos o Espírito de Deus, o desânimo e a
desesperança ficam longe de nossa obra missionária. Com o Espírito de Deus,
mostramos uma Igreja alegre e viva.
Oração: Nosso coração e nossos olhos se encantam diante da salvação do nosso
Deus que podemos contemplar em Jesus. Deus eterno e todo-poderoso, fazei que
nós saibamos reconhecer-Vos na pessoa de Jesus Caminho, Verdade e Vida,
expressão consumada de Vosso amor misericordioso por todos os que desejam
estar perto de Vós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo. Amém.
Pai, isso nos basta” é o mesmo pedido que nos fazem os homens e as mulheres
de nossos tempos, sejam de nossas dioceses sejam de outras partes do mundo.
“Mostra-nos Deus”. O materialismo consumista não matou a sede de Deus, mas
contaminou as expectativas a respeito d'Ele. Ver Deus tornou-se uma obsessão
por aparições e milagres. João afirma que “ninguém jamais viu a Deus; o
Filho único, que é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a
conhecer”). Jesus é o revelador do Pai. Ver Jesus é ver o Pai. Jesus está no
Pai através do Amor que os torna um só. Jesus está no Pai porque fala as
palavras do Pai. Jesus está no Pai porque o Pai realiza as obras em Jesus. O
Pai é o espaço vital de Jesus. Jesus está no Pai pela obediência absoluta à
missão a ele confiada, pelo amor, pelo cumprimento da vontade do Pai. O Pai
está em Jesus porque em e por Jesus o Pai realiza as obras de salvação em
benefício dos homens e das mulheres, se faz conhecer, se comunica.
Deus revela-se e manifesta-se inteiramente em seu Filho Jesus Cristo; por
isso, quem o vê, vê também o Pai e ninguém pode chegar ao Pai sem Jesus,
pois ele é verdadeiramente o único caminho que nos leva ao Pai. Ninguém pode
de fato conhecer o Pai se não for através de Jesus, pois ele é a Verdade que
nos revela o Pai, ele é o próprio Ícone do Pai, ele vive em perfeita
comunhão com o Pai, quem conhece Jesus, conhece o Pai e quem conhece o Pai,
conhece Jesus.
Nós também participamos dessa comunhão na medida em que nos tornamos ícones
de Cristo e, participar dessa comunhão é que nos garante a vida em
plenitude, a vida eterna, que é a participação na vida divina.
A visão do Pai era a coisa mais desejada pelos discípulos. Bastaria dar um
salto de qualidade para descobrir, na pessoa de Jesus, o rosto do Pai. E,
para isso, era mister nutrir por Jesus fé idêntica à dedicada ao Pai. Sem
uma fé verdadeira eles estariam privados da visão do Pai, ou continuariam a
querer vê-lo, mas de maneira totalmente incorreta. A única forma de ver Deus
Pai consiste em contemplá-lo na pessoa de Jesus.
Conhecer a Jesus plenamente equivale a conhecer o Pai, não por meio da
perfeição de um conhecimento intelectual, abstrato, reservado a algumas
elites, como pretendiam certas doutrinas, conhecidas como "gnosticismo".
Trata-se do conhecimento pela experiência das obras de amor de Jesus, que
são as obras do Pai, dada a identificação deste com Deus; vendo a Jesus se
está contemplando já o Pai. Mas existe aquele, que apesar de estar vendo,
não percebe a presença de Deus em Jesus. É Felipe que não chega a captar o
grau de identificação plena de Jesus e o Pai. O que dá edificação com Deus
não são as crenças, senão a experiência de amor aos demais, as obras de amor
que manifestam ao Deus-amor. Quem segue a Jesus fará obras como as dele,
chegando deste modo a identificar-se também com Deus. O pedido de Felipe
denota sua falta de compreensão. Havia visto assim o Messias que podia
deduzir-se da Lei e dos Profetas; não entende que Jesus não é a realização
da lei, senão do amor e a lealdade a Deus. Vê em Jesus o enviado de Deus,
mas não a presença de Deus no mundo. Jesus o contesta com uma queixa. A
convivência com ele, já prolongada, não ampliou seu horizonte. Não conhece o
alcance do amor do Pai nem de seu projeto. Não concebe que em Jesus esteja
presente e se manifeste Deus, nem que Jesus tenha a condição divina.
A pergunta de Filipe, à primeira vista, pode parecer inoportuna, mas na
verdade traduz um anseio profundo da alma humana. Podemos inclusive dizer
que a missão de Jesus neste mundo foi precisamente a de revelar, ou seja,
mostrar à humanidade o Pai. Por isso, todos os relatos de manifestação de
Deus – teofania – revelam que a pessoa que contempla a glória divina fica
tomado de pavor, diante da possibilidade de morrer. Como, então, os
discípulos de Jesus ousavam querer ver o Pai?
A obra de Jesus foi somente um começo; o futuro reserva um trabalho mais
extenso. O discípulo poderá fazer o mesmo ou inclusive mais que Jesus. Isto
confirma que os sinais feitos por Jesus não são irrepetíveis pelo
extraordinário; seu caráter principal é ser símbolo da atividade que
liberta, oferecendo vida. Com esta afirmação dá ânimo aos seus para o
trabalho futuro; a tarefa libertadora pode ir adiante.
A presença e atividade de Jesus no mundo significou uma mudança de rumo na
história; toca aos seus continuar na direção marcada por Ele. Mas os
discípulos não estão sós em seu trabalho nem em seu caminho. Jesus seguirá
atuando com eles. Através dele o amor do Pai (sua glória) seguia
manifestando-se na ajuda aos discípulos para a missão.
Só conhecemos a Deus, o verdadeiro Deus, o Deus revelado por Jesus, através
da fé. O mundo nos desafia a mostrar Deus. Aceitar o desafio é ir aos
“gentios”, isto é, apresentar a todos os povos Jesus, o rosto do Pai que não
é para muitos o rosto divino desejado, mas que é o único rosto verdadeiro de
Deus.
Nosso primeiro contato com o Pai se dá por meio de Jesus: ele é a face
visível do Pai, sem deixar de ser uma pessoa distinta. Isso porque homem
algum pode ver a Deus e permanecer vivo. Por isso precisamos, nesta vida, da
mediação de Jesus, mas a nossa esperança é de um dia ver a Deus face a face,
habitando com Jesus na casa do Pai.
Para finalizar podemos dizer que conhecer a Jesus é crer nele, aderir à sua
pessoa e seu projeto, que se traduz sempre em obras a favor dos mais pobres
e desvalidos. O mesmo se diz de João, “que se alguém não ama ao irmão que
vê, como poderá amar a Deus a quem não vê”. E a Deus nós o vemos e
conhecemos através de Jesus, e a Jesus o vemos e conhecemos através do
irmão. A afirmação de Jesus, de conceder-nos tudo o que lhe pedirmos, se
entende não a partir de nossos caprichos ou mesquinhos interesses, mas desde
a perspectiva do “outro mundo possível”, um mundo cheio de vida, justiça e
amor, para os homens e mulheres de todos os povos.
Na oração, pedindo, com plena confiança, temos a certeza de que recebemos o
dom maior do Pai, que é o seu Espírito Santo, com seu amor que comunica
vida. A oração da comunidade expressa sua vinculação a Jesus; faz-se desde a
realidade da união com ele, pedindo para realizar sua obra. Ele põe sua
potência a disposição dos seus.
Quando temos o Espírito de Deus, percebemos a diferença entre a mensagem e
as culturas, despojamos a mensagem de roupagens culturais, enculturamos a
mensagem onde a anunciamos, evangelizamos a cultura local. Quando temos o
Espírito de Deus, afastamos os medos e temores para dizer quem é o Salvador,
doa a quem doer. Quando temos o Espírito de Deus, o desânimo e a
desesperança ficam longe de nossa obra missionária. Com o Espírito de Deus,
mostramos uma Igreja alegre e viva.
Oração: Nosso coração e nossos olhos se encantam diante da salvação do nosso
Deus que podemos contemplar em Jesus. Deus eterno e todo-poderoso, fazei que
nós saibamos reconhecer-Vos na pessoa de Jesus Caminho, Verdade e Vida,
expressão consumada de Vosso amor misericordioso por todos os que desejam
estar perto de Vós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo. Amém.