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A MIASSA SOBRE O MUNDO - II

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1A MIASSA SOBRE O MUNDO - II Empty A MIASSA SOBRE O MUNDO - II Dom 27 Abr - 10:07

Maria



O FOGO ACIMA DO MUNDO

Iludimo-nos tenazmente a respeito do Fogo, esse princípio do Ser, julgando
que ele sai das profundezas da Terra e que sua chama se alumia
progressivamente ao longo da brilhante esteira da Vida. Senhor, destes-me a
graça de compreender que esta visão era falsa e que, para Vos perceber, eu
deveria mudá-la completamente. No princípio, havia o poder inteligente,
amante e ativo. No princípio, era o Verbo sobernamente capaz de sujeitar a
si e modelar toda a Matéria que nascesse. No princípio, não havia o frio e
as trevas, mas o Fogo. Eis a Verdade.

Assim, pois, bem antes que de nossa noite jorre gradualmente a luz, é a luz
pré-existente que, paciente e infalivelmente, elimina nossas sombras.
Criaturas, somos por nós mesmos, Sombra e Vazio.
Vós sois, meu Deus, o próprio fundo e a estabilidade do Meio eterno, sem
duração nem espaço, em que gradualmente, nosso Universo emerge e se consuma,
perdendo os limites pelos quais nos parece tão grande. Tudo é ser, não há
senão ser em tudo, fora da gragmentação das criaturas e da oposição de seus
átomos.

Espírito ardente, Fogo fundamental e pessoal. Termo real de uma união mil
vezes mais bela e desejável que a fusão destruidora imaginada por qualquer
panteísmo, dignai-vos, esta vez ainda, descer sobre a frágil película de
matéria nova, com a qual o mundo vai se envolver hoje, para lhe dar uma
alma.

Eu sei. Não poderíamos ditar, nem mesmo antecipar o menor de vossos gestos.
De Vós, todas as iniciativas, a começar por esta de minha oração.

Verbo bilhante, Poder ardente, Vós que modelais o Múltiplo para lhe insuflar
vossa vida, baixai, eu Vos peço, sobre nós, vossas mãos poderosas, vossas
mãos previdentes, vossas mãos onipresentes, essas mãos que não tocam nem
aqui nem ali (como faria uma mão humana), mas que misturadas à profundeza e
à universalidade presente e passada das Coisas, nos atingem simultaneamente
por tudo quanto existe de mais vasto e de mais interior em nós e à nossa
volta.

Com essas mãos invisíveis, preparai, por uma adaptação suprema, para a
grande obra que meditais, o esforço terrestre cuja totalidade, reunida em
meu coração, eu vos apresento agora. Remanejai, corrigi, refundi até às
origens, ete esforço, Vós que sabeis por que é impossível que a criatura não
nasça senão sustentada pela haste de uma interminável evolução.

E agora, pronunciai sobre ele, por minha boca, a dupla e eficaz palavra, sem
a qual tudo desmorona, tudo se desata, em nossa sabedoria e em nossa
experiência, - mas com a qual tudo se reúne e tudo se consolida, a perder de
vista, em nossas especulações e nossa prática do Universo. - Sobre toda a
vida que vai germinar, crescer, florescer e amadurecer neste dia, repeti:
"Isto é o meu Corpo". - E, sobre toda a morte pronta a corroer, fanar e
segar, ordenai (o mistério de fé por excelência!): "Isto é o meu Sangue".

O que experimento em face e no seio do Mundo assimilado por vossa Carne,
tornado vossa Carne, meu Deus - não é nem a absorção do monista ávido de se
fundir na unidade das coisas, - nem a emoção do pagão prostrado aos pés de
uma divindade tangével, - nem o abandono passivo do quietista agitado ao
sabor das energias místicas.

Tomando dessas diversas correntes algo de sua força, sem me levar a nenhum
empecilho, a atitude na qual fixo vossa universal Presença, é uma admirável
síntese em que se unem, corrigindo-se, três das mais temíveis paixões que
sempre podem excitar um coração humano:

Como o monista, eu mergulho na Unidade total, - mas a Unidade que me recebe
é tão perfeita que nela sei encontrar, perdendo-me, o último aperfeiçoamento
de minha individualidade.

Como o pagão, adoro um Deus palpável. Eu até toco esse Deus, por toda a
superfície e profundidade do Mundo da Matéria em que me encontro. Mas para
alcançá-lo como eu quereria (simplemente para continuar a tocá-lo), é
necessário que eu vá sempre mais longe, através e para além de qualquer
empresa, - sem poder descansar em nada - levado a cada instante pelas
criaturas e a cada instnte ultrapassando-as, - num contínuo acolhimento e
num contínuo desapego.

Como o quietista, deixo-me deliciosamente embalar pela divina Fantasia. Mas,
ao mesmo tempo, sei que a Vontade divina só me será revelada, a cada
instante, no limite de meu esforço. Eu só tocarei Deus na matéria, como
Jacó, quando tiver sido vencido por Ele.

Assim, porque me apareceu o Objeto definitivo, total, conforme o qual está
afinada minha natureza, as potências de meu sr se põem espontaneamente a
vibrar segundo uma Nota Única, incivelmente rica, onde distingo, unidas sem
esforço, as tendências mais opostas: a exaltação de agir e a alegria de
suportar; a volúpia de reter e a febre de ultrapassar; o orgulho de crescer
e a felicidade de desaparecer em alguém maior que eu.

Rico da seiva do Mundo, subo para o Espírito que me sorri para além de toda conquista, revestido do esplendor concreto do Universo. E, perdido no mistério da Carne divina, eu já não saberia dizer qual é a mais radiosa destas duas bem-aventuranças: ter encontrado o Verbo para dominar a Matéria, ou possuir a Matéria para atingir e receber a luz de Deus.

Fazei, Senhor, com que vossa descida sobre as Espécies universais seja para
mim, não somente querida e acariciada como o fruto de uma especulação filosófica, mas que ela se torne verdadeirmente uma Presença real. Em potência e em direito, queiramos ou não, estais encarnado no Mundo e vivemos suspensos a Vós. Mas, de fato, falta (e quanto!) para todos nós, que Vós estejais igualmente próximo. Levados, todos juntos, no seio de um mesmo
Mundo, formamos, não obstante, cada um, nosso pequeno Universo no qual a
Encarnação se opera independentemente, com uma intensidade e nuanças no
altar, pedimos que, para nós, a consagração se faça: "Para que se torne para
nós o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo... ". Se creio firmemente que tudo, à
minha volta, é o Corpo e o Sangue do Verbo, então para mim (e, num certo
sentido, só para mim) se produz a maravilhosa 'Diafania' que faz
transparecer objetivamente, na profundidade de todo o fato e de todo
elemento, o calor luminoso de uma mesma Vida. Mas que minha fé, por
desgraça, esmoreça logo a luz se extigue, tudo se tona obscuro, tudo se
decompõe.

No dia que começa, Senhor, acabaste de descer. Ai, que infinita diversidade
nos graus de vossa presença par os acontecimentos que se preparam e que
todos suportaremos! Nas mesmas circunstâncias exatmente, prontas a me
envolver e a envolver meus irmãos, podeis ser um pouco, muito, cada vez
mais, ou nada.

Para que nenhum veneno me prejudique hoje, para que morte alguma me elimine,
para que nenhum vinho me embriague, para que em toda criatura eu Vos
descubra e Vos sinta - Senhor, fazei que eu creia!

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